Expectativas para “God of War”
As imagens são do site: https://wall.alphacoders.com/. Todos
os direitos dessas pertencem a Santa Monica Studio (http://sms.playstation.com/) e a Sony
Computer Entertainment (https://www.sie.com/en/index.html).
Texto escrito por: Rodrigo Lopes.
ATENÇÃO: ALERTA DE SPOILERS DE TODA
A SÉRIE “GOD OF WAR” ATÉ AQUI (GOD OF WAR, GOD OF WAR II, GOD OF WAR III, CHAINS
OF OLYMPUS E GHOST OF SPARTA ).
God of War é um
jogo de ação baseado na mitologia grega, criado por David Jaffe, lançado em
2015 exclusivo para Playstation 2. Graças a sua jogabilidade acessível aliada a
gráficos excelentes e uma trilha sonora épica (sem contar o grandioso e
perfeito uso da mitologia a qual se baseia), se tornou um clássico e virou uma
das principais séries do Playstation. Era (e ainda é) incrível em cada aspecto,
com um ritmo impecável e batalhas empolgantes. E sua história também era muito
boa, ainda que com o clichê que é sobre um guerreiro atrás de vingança. Com seu
grande sucesso, uma continuação era inevitável. É gratificante saber que sua
sequência conseguiu não apenas ser tão bom quanto, mas até melhor que o
original, ainda que com um enredo menos envolvente. God of War II veio no final
da era do PS2, mas nem por isso teve seu sucesso diminuído. Na verdade, ficou
considerado como um dos melhores games do console, e merecidamente. E com
aquele final, ficou óbvio que teria mais um game. E, devo admitir, essa foi uma
espera difícil e demorada. Se a série já foi capaz de tudo aquilo uma geração
antes, imagina o que conseguiria com o poder do Playstation3. Ainda que com o
lançamento do excelente Chains of Olympus, pra PSP, e do remaster dos dois
primeiros jogos, o tempo parecia não passar, e o jogo se tornou um dos mais
esperados do PS3. E sua espera valeu à pena. É difícil dizer como eles
conseguiram melhorar ainda mais o que já era muito bom, mas God of War III
conseguiu se tornar o melhor da série, com sua sensação de escala ainda maior
que antes e, mais uma vez, um final grandioso. Um, aliás, que deixou muitas dúvidas
e questionamentos, nos perguntando se teria mais uma continuação ou não. Aqueles
que conseguiram todos os troféus e platinaram o jogo conseguiram achar o
endereço pra um site, que sugeria o desenvolvimento de um novo game. Ghost of
Sparta, lançado pra PSP, conseguiu se tornar um dos melhores do PSP, mas não
respondeu as dúvidas sobre o que aconteceu após God of War III. E o tempo foi
passando, e no fim da era do PS3, Ascension foi lançado, mas não foi tão bem
recebido, e não acrescentou nada a história. Com a chegada do PS4, todos
esperavam que alguma coisa sobre a série poderia aparecer nessa nova geração
dos games. Até que, na E3 do ano passado (em junho), um novo God of War é
anunciado, exclusivamente para PS4.
Desenvolvido
novamente pela Santa Monica Studios, o novo game da série foi intitulado apenas
de “God of War” e apresentou grandes mudanças no trailer de gameplay na
apresentação da E3. Sua mudança no posicionamento da câmera, seu novo sistema
de combate, o aparente foco na exploração, entre outros, deixou os fãs mais
puristas com opiniões divididas. Quem queria mais do mesmo ficou decepcionado
com as mudanças, e mesmo quem queria algo novo ainda assim ficou preocupado
sobre o que isso iria acarretar. Pessoalmente, ainda que esteja ansioso (e
preocupado) em ver no que isso vai dar, acho errado “julgar um livro pela
capa”, e se tais mudanças foram boas ou não, só poderemos dizer no lançamento,
quando o jogo estiver em nossas mãos, o que só deve acontecer no começo do
próximo ano. Mesmo assim, discutir a respeito é algo natural, então, vamos
falar sobre isso.
Bom, por onde
devo começar? As mudanças foram tantas e tão drásticas que fica difícil saber
sobre o que falar primeiro. Em primeiro lugar, a mudança da mitologia grega pra
nórdica, algo que faz todo o sentido. Kratos matou quase todos os deuses até o
fim de God of War III (exceto por Athena), então é mais do que justificável a
mudança. Até o logotipo do jogo mudou pra mostrar tal mudança. Logo no primeiro
trailer, vários sites especializados fizeram sua aula de história e notaram
detalhes que mostravam partes da mitologia nórdica, como um guardião espiritual
para os portões de Valhalla e a serpente de Midgard, Jormungand. Também
perceberam detalhes que vieram de jogos passados da série, como as Botas de
Hermes no fundo da casa da primeira cena. O sistema de combate também mudou
completamente, e o sistema de progressão será diferente desta vez. Outra
mudança perceptível foi no personagem principal. Kratos estava mais envelhecido
e com uma barba maior e, ainda que com o mesmo uniforme espartano, usava o que
parecia ser um cinto por baixo de suas roupas. E agora ele não usava mais as
mesmas armas presas a uma corrente em seus braços (algo que permanece intacto
desde seu pacto com Ares no primeiro God of War). Agora ele usa um machado.
Seu visual
realmente está diferente. Mas as mudanças não acabam por ai. Nos dias
seguintes, várias foram as novidades surgidas sobre o game, que tinha pegado a
todos de surpresa, ainda que com os vazamentos sobre o desenvolvimento do game.
Foi revelado que o multiplayer de Ascension foi removido, pois a equipe de
produção está se focando totalmente na campanha, que vai ter um foco narrativo
diferente dos outros games da série (vou falar sobre isso mais abaixo). Pessoalmente,
embora não tenha achado ruim, não achei o modo online de Ascension algo
realmente necessário ou indispensável, então não me incomodei com essa notícia.
Além disso, foi confirmado que se trata sim de uma sequência, e não um reboot. Isso
é bom, pois mantém todo o passado do personagem intacto e possibilidade um desenvolvimento
sem a necessidade de apresentá-lo novamente, algo que, em uma trama mais focada
em outros aspectos, é importante. Mais tarde, descobriríamos que, apesar de ter
foco na exploração, não será um jogo de mundo aberto. Até ai, Uncharted 4
também tinha cenários menos lineares que seus jogos passados, mas não deixou de
perder a escala épica por causa disso, então não estou tão preocupado com isso.
Ah, e também que esse não será o último jogo com Kratos. Muitos teorizaram que
o personagem morreria, mas pelo visto isso não vai acontecer... Nesse jogo,
pelo menos. Mas o que mais despertou minha atenção foi a presença de seu filho,
de nome Atreus, informação descoberta por um fã e confirmada pelo diretor Cory
Barlog. Esse menino deve ser o maior responsável pelo novo foco na trama e
principal motivação de Kratos na história.
“Esse jogo é
sobre Kratos ensinando seu filho como ser um deus, e seu filho ensinando Kratos
como ser humano de novo”. Essas são palavras do diretor criativo Cory Barlog. E
todo o site oficial do jogo reafirma isso, com textos lembrando que o
protagonista é agora “um homem que não mais vive na sombra dos deuses” e que
agora tem “uma segunda chance de ser um pai”. Foi dito que esse reino dos
deuses e monstros nórdicos é imperdoável e cruel com os fracos, onde você deve
aprender a se adaptar e ser forte para sobreviver. Kratos sempre foi
determinado, e conseguia ser mais violento e cruel que as criaturas a sua
volta, e ele continua assim, mas seu filho ainda deve aprender isso, tarefa da
qual ele deve ensinar. Isso ficou claro logo no trailer de anúncio do game,
quando Kratos exige que seu filho cace um cervo. Duro, exigente e rígido,
Kratos não trata Atreus com carinho, chegando a gritar com o menino com um
forte tom de voz, não perdoando erros (ou, pelo menos, não demonstra perdoar).
Mesmo após a caça ter sido concluída, mesmo com a dificuldade que seu filho
teve ao ter que matar o animal praticamente implorando pela vida com seu olhar,
Kratos não falou nem ao menos um “bom trabalho”, ou algo parecido. Ele sequer
sorriu. A verdade é que ele não se permite isso, ainda que queira (visível
quando ele pensou em colocar sua mão no ombro de seu filho, mas então mudando
de idéia). Nessa jornada longa e implacável que eles vão percorrer, esse “Não é
um lugar para um garoto. Você deve ser um guerreiro”, como disse no último
trailer, lançado na E3 desse ano. Tudo que ele faz é pelo bem de Atreus. Ele
realmente se preocupa com o menino. Ele já foi um pai antes, e sabe a dor que é
perder uma pessoa que ama tanto, então ele está apenas cuidando e fazendo o que
acha ser certo. Mas nem tudo é feito de maldade, nem todos são ruins, e é isso
que seu filho deve ensinar a ele.
Mas não apenas
sua relação com seu filho que será importante. O diretor do game já comentou
que a esposa de Kratos e mãe de Atreus terá grande importância na história,
embora não tenha dado muitos detalhes, então fica difícil comentar qualquer
coisa concreta a respeito. Mas é fato que esse jogo terá um foco maior no
relacionamento entre os personagens. Na verdade, todo o enredo do jogo será
mais maduro, e tratará com temas mais complexos e ir além do que apenas a busca
pela vingança, algo que se perpetuou até God of War 3. Apesar de ser recorrente
em várias obras, tratar sobre relacionamentos humanos não é tarefa fácil, já
que o próprio ser humano é complicado, então colocar isso em uma história por
si só já torna o tema complexo. É preciso lidar com maturidade nesse campo. E
maturidade é o que, aparentemente, não falta no novo jogo da série. Certa vez,
o diretor já disse que o jogo foi influenciado por The Last of Us, obra prima
da Naughty Dog que tem como principal tema a abordagem do relacionamento entre
pai e filha de Joel com Ellie, comentando que hoje em dia as pessoas buscam por
obras assim. Bom, não deixa de ser verdade. Hoje em dia, ter bons gráficos e
jogabilidade não basta, é preciso ter uma história que envolva e emocione para
uma obra conseguir ficar marcada na memória dos jogadores. E a série estava
precisando disso. O roteiro do primeiro God of War era bem contado, com
descobertas sobre o passado do personagem sendo reveladas ao longo do jogo, e o
mesmo pode ser dito de Chains of Olympus e Ghost of Sparta. No entanto, ainda
que sejam dois dos melhores da série, God of War II e III não tinham histórias
realmente contagiantes, e se apóiam quase que totalmente na busca de Kratos
atrás de vingança. Toda a série foi assim e, com exceção do primeiro e dos dois
jogos pra PSP (o primeiro que se focou sobre a perda de Kratos da filha, e o
segundo sobre o irmão, que mais tarde também morre), é um enredo no qual não
tem capacidade de marcar. Ele permanece na memória pelo seu tom épico, mas
raramente por ser emocionante. Não que tenha problema nisso, eles tinham sua
proposta, e a cumpriram, mas as exigências são outras hoje em dia, então é uma
evolução natural da franquia. E, pessoalmente, gosto mais de histórias que lhe
causem os mais diversos sentimentos, então estou curioso pra ver como as coisas
vão caminhar desta vez.
Há quem reclame
que essa relação de pai e filho é quase que uma cópia de The Last of Us,
perdendo o estilo de antes. Eu discordo. Acredito que o estilo de God of War e
o que o tornava único era o uso da mitologia a seu favor, com criaturas e
cenários que remetem as histórias que lemos sobre mitologia grega. Neste caso,
de mitologia nórdica. Contanto que mantenham isso, não tenho problemas com esse
novo foco no relacionamento paternal. Até porque, Kratos sempre teve traumas
com a perda de sua filha e esposa, e os temas sobre família estavam lá, só não
eram tão bem aprofundados. Aqui será. Mas não se trata de uma cópia de The Last
of Us.
Outra coisa que
sempre se destacou na série e que quero muito ver, são as batalhas contra os
chefes. É impossível se esquecer da batalha contra o minotauro no primeiro God
of War, ou do embate de Kratos com seu avô, Cronos, em God of War III. Todas as
lutas contra os deuses da série também são inesquecíveis, em especial a luta
contra Ares e Hades. Todas essas lutas dão uma sensação de grandiosidade e de
algo épico, e isso é algo que espero que mantenham no novo game, juntando com
toda a brutalidade de sempre. Bom, já foi dito uma vez que esse jogo vai ser
ainda mais brutal que os anteriores, e que se passa em uma “época muito
violenta”, então creio que não preciso me preocupar quanto a isso. Estou
curioso quanto ao design dessas criaturas, e, embora as artes conceituais nos
mostrem um pouco do que veremos, ver isso ao jogar vai ser épico.
Muito está sendo
dito sobre esse jogo, e as mudanças estão assustando os fãs. Mas elas não devem
ser vistas como algo ruim, e sim como uma evolução natural da série. O time de
produção e o estúdio já provaram serem competentes, e não acho que vão nos
decepcionar. As pessoas têm o costume de reclamar de tudo: se o jogo fosse
muito parecido com os outros, iam dizer que é mais do mesmo, mas como está
diferente, estão reclamando que não está parecido com antes. Eu sei que o que é
diferente assusta, mas às vezes é preciso ter esperança e abraçar novas
alternativas. E é isso que Cory Barlog e o estúdio da Santa Monica querem nos
dar: uma nova alternativa, mas com a mesma essência, então vamos abraçá-la e
vermos no que vai dar antes de reclamar. E pode acreditar: estou bastante ansioso
pra ver o resultado final. É esperar 2018 chegar pra ver.
Nível de expectativa: Baixo Médio Alto Altíssimo
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