Crítica “Until Dawn”

A primeira e a última imagem são do site: https://wall.alphacoders.com/. O restante das imagens são do site: https://www.playstationtrophies.org/game/until-dawn/screenshots/1/.
Todos os direitos pertencem a Supermassive Games (http://www.supermassivegames.com/) e a Sony Computer Entertainment (https://www.sie.com/en/index.html).  
Texto escrito por: Rodrigo Lopes.


      Until Dawn não é um jogo recente. Ele foi lançado em 2015, e não era um lançamento muito esperado. Mas muitos foram surpreendidos pelo sucesso do game e a boa reputação da mídia especializada e os jogadores em geral. Tornou-se um exclusivo muito bom do PS4, e atraiu aqueles que gostam de um jogo com foco na narrativa e em suas escolhas e, principalmente, os fãs do gênero terror. É um jogo feito pra dar medo, ao mesmo tempo em que homenageia clássicos e clichês do gênero. Apesar de não ser um grande fã do terror, (nada contra, só não assisto muito a obras assim), curiosamente, me interessei. Jogar um game é muito diferente de assistir um filme, e talvez tivesse a chance de eu gostar pelo simples fato de estar no controle da situação, me sentindo como se estivesse presente nas situações do roteiro. Eu quis comprar, realmente quis, mas não tinha dinheiro pra isso na época, e outras prioridades foram surgindo depois, então acabei não jogando por um bom tempo. Consegui o jogo gratuitamente através da PSPlus, em julho, se me lembro bem. Eu nem era assinante, mas passei a ser no momento em que descobri que iria ser um dos jogos gratuitos do mês. Enfim, eu baixei e joguei logo depois. Poderia o jogo ter valido a pena esperar? Atingiria minhas expectativas? Bom, vamos por partes.

      Until Dawn começa lento. Ele apresenta seus personagens e seus problemas (bem infantis, a maioria) e nos dá uma boa idéia do relacionamento deles antes do terror começar. É lento, mas isso não significa que é ruim. Inconscientemente, você fica curioso pra ver o que vai acontecer. Não é possível que aquele clima iria reinar durante o jogo inteiro. Além de que dá um tempo pra nos acostumarmos um pouco com os controles principais. É um ato necessário da história.

      Pois bem, esse começo lento apenas guardava uma festa de terror que lhe deixa incerto sobre o que fazer, com ações que realmente tem consequências. Pois é, você reclama da falta de inteligência dos protagonistas nos filmes, mas aposto que, naqueles momentos tensos e de desespero, você fez o mesmo, porque quando estamos no controle, ficando sobre a pressão de fazer algo rápido, não dá tempo de pensar em todas as possibilidades. As vezes, se você demorar muito pra se decidir, pode acabar se dando mal. E você nem sempre tem a resposta se está fazendo o certo pra sobreviver, ou apenas adiando sua morte pra cena seguinte. Mas nada disso teria o mesmo efeito se não fosse a criatividade da equipe de produção em usar sabiamente e de maneira inteligente o controle do PS4: tem momentos que a situação exige que o personagem fique parado e, para isso, você, estando no controle, deve manter seu dualshock inquieto. Um movimento devido a não ter conseguido segurar a respiração e o medo de fazer algo errado, e as consequências podem ser brutais, levando a morte ou a algo que pode impulsionar isso mais pra frente. E a narrativa cumpre muito bem seu papel, com momentos imprevisíveis e sem deixar você respirar. Ou sobrevive, ou morre. Não tem essa de voltar ao último checkpoint. Essa sensação de urgência empolga muito, e te mantém na expectativa, querendo continuar até o momento final.

      Não são apenas as situações que são bem feitas, mas seus personagens também. Eles são estereótipos de obras do gênero, mas cumprem tão bem seus papéis, que fica difícil reclamar. Seus dramas são infantis, e poucos são aqueles realmente maduros, mas esses sentimentos podem mudar ao longo jogo... Bom, pelo menos pra alguns. As situações nos colocam em momentos que podemos decidir se o personagem vai morrer ou não, podemos fazer comandos errados propositalmente pra ver aquele ser que odiamos ser morto, mas não fazemos. Curiosamente, acabamos por "adotar" o senso de sobrevivência, e não queremos que nossos esforços até o momento tenham sido em vão, então fazemos o melhor pra que todos os personagens fiquem vivos. Só que é muito difícil alguém conseguir salvar todos logo na primeira partida, sem nenhum guia. Isso te deixa com vontade de jogar novamente, fazendo escolhas diferentes para salvar os personagens daqueles momentos em que morreram. O bacana é que isso não é o bastante. Salvar o personagem de uma situação não vai inibi-lo de morrer em outro momento que não tinha visto antes. Isso aumenta significamente o valor replay do jogo.

      Palmas também para a ambientação do jogo. Os cenários são ótimos, com iluminação (ou a falta dela) que deixa tudo mais sombrio e lhe causa uma sensação de insegurança excelente. O visual é incrível, com ótimas expressões faciais e detalhamento. Veja bem, esse jogo já foi lançado há algum tempo, e mesmo assim é mais bonito que muitos games recentes. Realmente impressionante. Claro, não é perfeito, e alguns movimentos são desengonçados e contém transições bruscas. Mas nada que incomode muito e pode até passar despercebido muitas vezes. E a trilha sonora também é muito bem feita, servindo como a cereja do bolo pra esse terror fantástico.


      Uma coisa que pode incomodar é que alguns "sustos" são um pouco bobos e exagerados, mais do que deveriam. Só que, faz parte da proposta do game contar com um roteiro que faça homenagens à clássicos do gênero. Ainda que eu não conheça tais clássicos, não vi como um defeito, pois a história ainda está cumprindo com o estabelecido, então não me senti incomodado, mas alguns jogadores podem não gostar. Mas aí é mais uma questão de opinião.


      O jogo não é perfeito e, ainda que use muitas de suas idéias inteligentemente, outras não são tão bem aproveitadas, como é o caso do psicólogo que vez ou outra lhe faz perguntas sobre o que lhe causa mais medo, mas o mesmo não ser usado de maneira que realmente impacte em sua experiência. Alguns comandos às vezes não são tão claros, e pode demorar pra se acostumar a algumas coisas. Mas é uma obra tão boa e que acerta tanto em suas qualidades, que tais defeitos se tornam pequenos detalhes que podem ser ignorados com facilidade. Com sua excelente narrativa, seu acabamento bem feito na parte visual e sonora, e com seu fator replay, é um jogo necessário para aqueles que gostam de um roteiro bem feito e de jogos de escolhas que realmente causem consequências, e não apenas para os fãs de terror. Se você, assim como eu, não jogou na data de lançamento, não deixe de conferir agora que o preço abaixou um pouco. Você pode se surpreender. Quem diria que eu pegaria um jogo tão bom de graça.


Conclusão: Ruim      Mediano         Bom    Muito bom     Excelente

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