Crítica de “A Vigilante do Amanhã (Ghost in the Shell)”
As imagens são do site:
https://wall.alphacoders.com/.
Todos os direitos do filme pertencem
a DreamWorks Pictures (http://dreamworkspictures.com/)
e ao diretor Rupert Sanders.
Texto escrito por: Rodrigo Lopes.
Adaptações ocidentais de animes
não costumam dar certo. Obras orientais têm um estilo e um jeito muito
diferente de se contar uma história. A cultura deles é diferente, obviamente,
então isso afeta diretamente o todo da obra. Ainda assim, sempre aparecem
filmes que tentam mudar isso, e Ghost in the Shell (ou A Vigilante do Amanhã,
como foi traduzido por aqui) é mais um deles. Ele tenta, pelo menos. Não posso
dizer que ele fracassa como adaptação, pois não vi o anime, nem li o mangá.
Pensei em ver o anime antes de ver o filme, mas, julgando pelos comentários
negativos que andava lendo na internet, achei que talvez pudesse aproveitar
mais o filme sem uma expectativa de que fosse no mesmo nível de qualidade da
obra original (que, provavelmente, deve ser bem melhor). Então, veja bem,
estarei analisando o filme apenas como obra isolada, e não como adaptação. Mais
tarde, verei o anime e farei uma análise do mesmo.
A Vigilante do Amanhã é um
blockbuster com vários conceitos interessantes. Creio que muitos desses
conceitos façam parte do anime, mas não deixa de ser algo com potencial. Ele
tem temas que podem ser filosóficos, mas a mudança de cultura faz uma grande
diferença na forma como essa história é contada. Vamos ser sinceros: as obras
orientais não subestimam a capacidade de pensar do espectador, e mesmo aqueles
enredos mais simples tem detalhes que podem servir como lições de vida ou mesmo
levar a interpretações profundas sobre assuntos delicados, como a grande
complicação que é o ser humano, por exemplo. Por isso que não costumo gostar de
adaptações, essa mania de simplificar tudo apenas pra conseguir um público
maior sempre tirou o que faz obras como essa serem únicas. Mas vamos falar mais
sobre isso adiante. Indo pra parte boa do filme, ele é visualmente incrível. O
design dos cenários é de saltar os olhos, cheios de detalhes e elementos ao
redor (muitas vezes mais do que conseguimos processar). Os efeitos especiais
são ótimos, ainda que nem sempre bem utilizados. Vale também mencionar que a
atuação de Scarlett Johansson cumpre seu papel, e suas expressões vocais e
corporais se adéquam a sua personagem, assim como seu jeito inexpressível.
Definitivamente, a atriz é ótima pra esse tipo de papel, e aqui mais uma vez
prova isso.
O filme começa com um ritmo lento,
mas aos poucos que seus demais elementos são introduzidos, ele consegue nos
deixar levemente curiosos pra continuar vendo, ficando (um pouco) melhor de
acompanhar. Por outro lado, em partes deixa a desejar por mostrar conceitos que
poderiam ser mais bem explorados e que acrescentariam muito ao envolvimento e
desenrolar da trama, perdendo parte da magia que poderia ter. Essa simplicidade
pode ser bom para alguns, e ruim pra outros (e não apenas aqueles que viram o
anime). Todos dizem que o roteiro realmente simplifica as coisas em sua
adaptação para o ocidente, só que ele simplifica até demais, algo que chega a
ser desnecessário. Quem não conhece o material original e nem a cultura deles
vai acabar julgando a obra originada no oriente com preconceito, quando na
verdade não é bem assim. Eu ainda vou assistir ao anime, mas sei que
provavelmente vai ser mais profundo do que o filme. Pelo menos, eu espero,
porque, ainda que eu já esperasse por isso, fez falta.
Se
a história não envolve, então ao menos as cenas de ação são empolgantes?
Infelizmente não. As sequências são sem inspiração, com excessivo uso de câmera
lenta, e com ângulos e cortes de câmera que, embora dê pra acompanhar e
compreender o que acontece, impedem as cenas de alcançarem o topo e realmente
serem memoráveis. Porém, ainda que com potencial desperdiçado, elas até que
divertem em alguns momentos.
A vigilante do amanhã até tenta
ser bom, e tinha potencial pra isso. É uma experiência visual excelente, mas
isso não sustenta o enredo com boas idéias, mas completamente desperdiçadas e
nunca sem um aprofundamento ou qualquer complexidade. Pode divertir alguns, ou
entediar a outros, isso vai depender da sua conexão com a obra original, ou com
o cinema em geral e que tipo de filme que gosta. Como devo ter deixado claro
acima, eu não gostei. Não é de todo mal, mas é apenas mais um filme genérico,
infelizmente.
Conclusão: Ruim Mediano Bom Muito bom Excelente
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