Crítica de “Death Note (2017) - Netflix”

Texto escrito por: Rodrigo Lopes e Luiza Lopes.


      Certas obras deveriam ser respeitadas, anda mais se tratando de um dos mangas e animes mais populares de todos os tempos, servindo, inclusive, como porta de entrada de muitos otakus. Death Note não só tinha uma premissa original, como também a desenvolvia bem, com diálogos excelentes e situações impressionantes. Como toda boa e famosa obra, com o tempo ela foi ganhando adaptações em outros formatos. Alguns filmes bem ruins foram feitos, como o live-action de 2006, e a mais recente adaptação da Netflix. Nessa análise, vamos falar dessa releitura.


      Hoje, dia 25 de agosto, estreou na Netflix um filme baseado no anime e mangá japonês Death Note. A premissa mostrava que teria mais ação que a obra original, e certamente, isso me causou certo desconforto. Como um anime tão psicológico e complexo como esse poderia ser adaptado em um filme de pouco menos de duas horas? Porém, admito que ficamos levemente ansiosos pela sua chegada, visto que há muito tempo não víamos mais nada sobre a obra produzida por  Obata Takeshi e Ohba Tsugumi.

      Acredito que se o objetivo do filme era ser tão bom quanto a história original, ele deveria ter sido escrito para quem não a conhece. Todos nós que temos o costume de acompanhar os lançamentos de nossos desenhos favoritos sabemos que live-actions e adaptações no geral não funcionam, ainda mais numa série um pouco mais longa e detalhada como Death Note. Se a Netflix queria mudar isso, deveria ter mostrado a história desde o início detalhadamente, e não apenas ter jogado tudo daquele modo como se conhecêssemos a história por completo. Os fãs do anime ficam furiosos com a falta de representação dos personagens e da história, e as pessoas que não conhecem ou não assistem por puro preconceito a essa cultura, ficam a ver navios, sem entender nada do que acontece. Isso somente leva ao fracasso por parte dos críticos e decepção do público.

      Mas o filme não falha apenas como adaptação, mas também como obra independente. Ele até que cumpriu seu papel de ter mais ação e sangue do que o anime – e isso é visível nos primeiros minutos (apesar de que de forma infantil e desnecessária). Mas se você procura sentir o toque de nostalgia e uma representação fiel dos personagens e da história, nem perca seu tempo. A Mia não se parece com a do anime de nenhum ângulo que você olhe, o Light Turner não é tão corajoso, maníaco, ou mesmo inteligente como o que conhecemos e o L virou um ser irreconhecível para o telespectador. Fico feliz que o nome dos dois tenha mudado, visto que não são as mesmas pessoas que conhecemos. A pessoa que mais teve o nome rejeitado foi o mais fiel ao caráter original: Souichiro Yagami, que virou James Turner. Ao menos faz sentido, já que a história não se passa no Japão. Outra coisa interessante do filme e que merece uns parabéns é a dublagem de Willem Dafoe, que é um ótimo ator. Infelizmente, não deu para ver muito o rosto do Ryuuk na reescrita, coisa que eu gostaria de ter presenciado com mais visibilidade. Será possível elogiar algo mais?

      Infelizmente, as qualidades acabam por aí, com seus personagens sem coerência (os personagens dizem que Light é inteligente, mas o roteiro mostra o contrário, e o L... Pra alguém que é o melhor detetive do mundo, ele é muito descuidado e comete erros bobos, beira o ridículo), diálogos mal feitos e atuações não convincentes em sua maioria. Além disso, ele é mal dirigido, com uma trilha sonora jogada de qualquer jeito, sem cuidado, e transições ruins e forçadas entre as cenas. Tudo acontece muito rápido, sem nenhum desenvolvimento, não dá tempo de se importar com nada. O filme não entender a essência da obra a qual se baseia não é apenas o que fez o filme ser tão criticado pela mídia, apesar de ter sido o maior motivo da frustração dos fãs.

[ATENÇÃO!! A partir desse momento do texto, terão spoilers sobre o filme! Se você pretende assistir, não leia daqui para frente, pra não estragar sua experiência!!]



      Algumas poucas coisas fazem sentido no filme, e é possível listá-las. Primeiramente, a cena da morte de Kenny, que nos deixou um pouco impressionados. Pegou-nos de surpresa, a primeira vista, e foi bem produzida até. Mas aqui jaz outro defeito da adaptação: o exagero com o gore para chamar atenção, algo que nos fez não conseguir levar o série as seguintes. A mesma coisa acontece quando o assassino da mãe do Light morre, no meio do restaurante. É falso. Não convence. Pra ser sincero, pouco convence nesse filme. A morte da Mia e os motivos que a levam até aí são desastrosos. L esbarrando em todos em sua frente e correndo no meio da rua na tentativa de matar Light foi, no mínimo, impulsiva demais para o personagem. A cena em que James Turner descobre que, na verdade, seu filho é o Kira é calma demais, não retratando corretamente o desespero que o personagem devia sentir ao saber de tal revelação. Você nunca se sente realmente em um filme de suspense ou terror, como conta nas informações do gênero. Na verdade, em vários momentos que deveriam ser sérios, a vontade que dá é de dar risadas. Realmente deplorável.
Ah, sim. Uma informação nova. Kira significa luz em russo e em celta. Foi dito que significava assassino no japonês... Bem, não está errado. A pronúncia da palavra inglesa “killer” para um sotaque japonês realmente parece com kira. Mas não temos tanto conhecimento da língua para saber se essa palavra é usada com muita freqüência – embora eu não me lembre de ter ouvido essa palavra em outros animes além de Death Note.

Conclusão: Ruim      Mediano         Bom    Muito bom     Excelente

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